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COP30 2025: O Mundo Atingirá a Meta de 50% de Redução até 2030?

  • Foto do escritor: Time Monitore
    Time Monitore
  • 2 de out.
  • 4 min de leitura
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Vista de Belém, imagem by Freepik


Estamos em 2025, o ano que o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) definiu como o limite para o pico de emissões globais. A COP30, em Belém, não é mais uma preparação; é o ponto de verificação final. A conferência acontece em um momento crítico: os últimos dados confirmam que as emissões ainda não atingiram o pico necessário, e a janela para a redução de 50% até 2030 está se fechando rapidamente.


A ciência é inegável. O Sexto Relatório de Avaliação (AR6) do IPCC estabeleceu que, para uma chance de 50% de limitar o aquecimento a 1.5°C, as emissões globais líquidas de CO2 precisavam atingir o pico antes de 2025 e cair 43% até 2030 (em relação a 2019). Em 2025, a primeira parte desta equação já é um desafio monumental. A COP30 é, portanto, a arena onde o mundo deve confrontar essa realidade e acelerar drasticamente a ação climática.


Figura 1: Aquecimento global observado e projetado ao longo de três gerações. As listras climáticas mostram como a temperatura mudou e mudará sob diferentes cenários de emissões (SSP). A geração de 2020 viverá toda a sua vida em um mundo significativamente mais quente. Fonte: IPCC, 2023.
Figura 1: Aquecimento global observado e projetado ao longo de três gerações. As listras climáticas mostram como a temperatura mudou e mudará sob diferentes cenários de emissões (SSP). A geração de 2020 viverá toda a sua vida em um mundo significativamente mais quente. Fonte: IPCC, 2023.

Neste artigo, analisamos a situação atual à luz dos dados mais recentes e os desafios concretos que a COP30 precisa superar.


O Cenário em 2025: Onde Estamos Agora?


Os dados dos últimos dois anos pintam um quadro preocupante:

  • Emissões ainda em Plateau Alto: De acordo com o Global Carbon Project, as emissões globais de CO2 de combustíveis fósseis atingiram um novo recorde em 2024, cerca de 36.8 GtCO2. Isso indica que o tão necessário "pico antes de 2025" não aconteceu de forma clara. Estamos em um platô perigosamente alto.

  • Lacuna de Emissões Crítica: O Relatório sobre a Lacuna de Emissões (UNEP) de 2024 foi enfático, mesmo com a implementação total das NDCs atuais, o mundo está caminhando para um aquecimento de 2.5–2.9°C neste século. A lacuna para a trajetória de 1.5°C é de 22-26 GtCO2e até 2030.

Em termos simples, o mundo precisa cortar emissões equivalentes a quase um ano inteiro de poluição global em apenas cinco anos. A meta de 50% até 2030 tornou-se exponencialmente mais difícil.


Pilares Críticos para a Década de 2025-2030


Agora, a transição não pode ser apenas rápida; deve ser radical. Os focos da COP30 e da ação global imediata devem ser:

1. Aceleração Exponencial das Renováveis vs. Declínio Estruturado dos Fósseis
  • Realidade 2025: A expansão de solar e eólica quebra recordes anualmente, mas ainda não na escala linear necessária para forçar o declínio dos fósseis.

  • Meta COP30: Os países devem concordar com um plano global para quadruplicar a capacidade renovável até 2030, superando a meta de triplicar acordada na COP28. Paralelamente, é urgente operacionalizar o fundo para Perdas e Danos e criar mecanismos para um declínio equitativo da produção de combustíveis fósseis.

2. Eletrificação de Setores-Chave com Grids Descarbonizados
  • Realidade 2025: A adoção de veículos elétricos (VEs) avança, mas a infraestrutura de rede elétrica em muitos países não está preparada para a demanda massiva.

  • Meta COP30: Os debates devem ir além da venda de carros novos e focar em investimentos maciços em redes inteligentes (smart grids) e na modernização da infraestrutura de transmissão para suportar uma economia eletrificada.

3. Inovação em Setores de Difícil Abatimento (Hard-to-Abate)
  • Realidade 2025: Tecnologias como hidrogênio verde e Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) ainda estão em fase de demonstração comercial, sem a escala necessária.

  • Meta COP30: Criar coalizões de compradores e financiadores (como a First Movers Coalition) para garantir mercado para o aço verde, o cimento de baixo carbono e os combustíveis sustentáveis para aviação (SAF), tornando-os competitivos antes de 2030.

4. Financiamento em Escala de Trilhões
  • Realidade 2025: O compromisso de US$ 100 bilhões/ano para os países em desenvolvimento foi finalmente atingido, mas é amplamente reconhecido como insuficiente. A necessidade real está na casa dos trilhões.

  • Meta COP30: O sucesso será medido pela definição de um Novo Objetivo Quantificado Coletivo (NCQG) para o financiamento climático pós-2025 que seja ambicioso o suficiente (na casa dos trilhões de dólares) e que agilize o acesso aos recursos.


O Papel da COP30: Da Retórica à Implementação Turboalimentada


Sediar a COP30 na Amazônia coloca o combate ao desmatamento e a justiça climática no centro do palco. O sucesso da conferência será julgado por sua capacidade de:

  1. Entregar NDCs Revisadas e Reforçadas: Os países devem chegar a Belém com NDCs atualizadas que, coletivamente, fechem significativamente a lacuna de emissões para 2030. O mecanismo de "ratchet" (catraca) do Acordo de Paris precisa funcionar com força total.

  2. Tornar o Fundo de Perdas e Danos Operacional e Eficaz: Ajustar e capitalizar totalmente este fundo é uma questão de credibilidade e justiça.

  3. Destravar o Financiamento: Estabelecer o NCQG é, possivelmente, a decisão mais concreta da COP30. Sem dinheiro, a transição nos países em desenvolvimento não acontecerá na velocidade necessária.


Chegamos a 2025 e o pico de emissões não foi alcançado conforme o necessário. A tarefa agora é colossal: realizar cortes mais profundos em menos tempo. A meta de 50% de redução até 2030 ainda é fisicamente possível, mas requer uma mudança de paradigma na cooperação global.


A COP30 não pode ser um evento de discussão; deve ser uma cúpula de implementação turboalimentada. É o último momento em que os líderes mundiais podem, com ações decisivas, evitar que a meta de 1.5°C se torne inatingível. As decisões tomadas em Belém definirão irrevogavelmente o clima do planeta para as próximas gerações. A conta chegou, e o pagamento é agora.


Referências:

Global Carbon Project, 2024: Global Carbon Budget 2024 [https://globalcarbonbudget.org/gcb-2024/]

UN Environment Programme (UNEP), 2024: Emissions Gap Report 2024 [https://www.unep.org/resources/emissions-gap-report-2024]

International Energy Agency (IEA), 2024: World Energy Outlook 2024 [https://www.iea.org/reports/world-energy-outlook-2024]

Climate Action Tracker, 2024: Warming Projections Global Update [https://climateactiontracker.org/global/emissions-pathways/]

IPCC, 2023: AR6 Synthesis Report: Climate Change 2023 [https://www.ipcc.ch/report/ar6/syr/]

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